domingo, setembro 08, 2013

Penejando


Tenho apenas 34 minutos antes da ausência
Com ou sem retorno
Nem caso ou por descaso se sabe
Não é relevante, vamos faze-lo
Apenas

A sensação é vaga
O sentimento ostenta
Contar estórias não basta
Quando o coração rebenta

Foram mil e uma reticências perdidas
Formas de amor, de amar
A mesma prosa, a mesma rosa, a mesma arte
Cuj'alma a ciência não explica

Um velho louco
Dizem as vozes
O drama da dama
Discursam olhares
A ociosidade dos púberes
Aclamam as bocas
De tudo se palpitava
Embora nada se conviesse

De muito se fala
Quando pouco se diz
Se tolo engana
Ou sábio juiz
Mesmo que sentido não faça
Talvez sentido se mostre

Ousadia pensar
Ser entendivel, ser-se cuidado
Não causa a todos o mesmo efeito
Nem a cada um cai o mesmo feito
E compreensão torna-se antónimo
Sinónimo apenas aos que entenderão

E ainda restam 18 minutos
Se não couber em palavras
Deslindarei em gestos
Todo o resto ou do tanto que faltar

Então, ceifa-se o tempo
Quando se pensa demais
O que antes era longo
Torna-se perda, efémero
Não, não, não é isso
Somente se some, lá fora, o tempo, a urgência
Mas não por dentro
Isso ficou

E cerram-se os olhos
Encerram-se as portas
Calam-se as vozes
Escutam-se os passos
Lá longe
Como em uma peça de teatro
Porque o compasso desse ato
Já foi

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